Sobre o texto


        Este trabalho vem sendo elaborado ao longo de muitos anos, a partir de 2014, com a criação da disciplina Teoria da Computação para Sistemas de Informação na UFF e discussões no HCTE-UFRJ. Não há previsão de término, encontra-se em um estado permanente de invenção adaptação e ajuste.
        A proposta decorre das dificuldades encontradas em iniciativas de lançar mão de mecanismos transdisciplinares e formas de expressões não convencionais na apresentação das ciências.
        Não tem como objetivo apresentar uma história evolutiva que culmina na computação dos dias de hoje. No lugar disso, a intenção é mostrar o compromisso das expressões matemáticas e das tecnologias com o tempo e local onde foram enunciadas ou construídas.
        Isto torna possível ressaltar a contribuição brasileira nos diversos momentos analisados, mostrando os vínculos entre a produção européia-estaduinense e o que se fazia e se pensava no Brasil em cada circunstância. É possível também trazer à vista o desenvolvimento de uma produção e modo de pensamento local, dependente de questões situadas formando uma identidade de produção nacional.
        Além disso, importa ressaltar o papel das minorias, sua participação e seus modos de expressão nos diversos momentos analisados, evitando reforçar a história dominante que traz a hegemonia dos homens brancos de países desenvolvidos.
        Também é importante desfazer a sensação de que a matemática é exata e objetiva e não se mistura com as subjetividades e conjunturas locais e temporais. Para isso, a presença de linguagens artísticas diversas em pé de igualdade com o pensamento matemático.
        Mais um objetivo é provocar uma atitude crítica com relação à ciência e sua apresentação moderna que é pronta, fixada e fora de questionamentos. Por isso é importante imbricar diferentes narrativas e de diferentes possibilidades de fazer e pensar matemática e deixar claro o caráter histórico das ciências.
        O Teo e a Mulher Pássaro estão presentes nesse texto. Por um lado, eles fazem reflexões sobre a matemática em uma linguagem incomum à produção matemática. Por outro lado, seus pensamentos soam como um contraponto para as mesmas questões que são consideradas na filosofia e matemática. São relatos que deixam aparentes subjetividade, poética e a vivência do poeta. Teo e a Mulher Pássaro convidam o leitor a experimentar um reposicionamento com relação à ciência hegemônica.
        As questões levantadas acimas são construídas através de uma estratégia de pesquisa que busca assumir as seguintes orientações:
        - Não desconsiderar o local e o tempo em que o enunciado é formulado
        - Não separar o enunciado de quem enuncia
        - Não fixar começo e origem
        - Não traçar uma linha evolutiva
        Os buracos são necessários e, mesmo quando há um investimento declarado em prol da continuidade, inevitáveis, estarão sempre presentes.

Isabel, Ricardo, Ivan

Programa de Pós-Graduação em
História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia
UFRJ
faixa logo HCTE logo IC-UFF Creative Commons License This work is licensed under a
Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License